quinta-feira, 15 de novembro de 2007

rotina forjada~

Um sorriso dissumulado, olhar distraido.
Os minutos passam como passaram ontem, os mesmos passos, os mesmos vagões.. Mais não as mesmas divagações.
Em cada rosto um microcosmo.
Em cada expressão a interrogação.a certeza forjada da próxima estação.
Ahh O Verão, Ana Rosa, Saúde...
E quantos novas formas de olhar se cruzarão(am) quando o apito tocar.
E qnts novas almas se perderão(am) quando o vagão avançar...
E quantas se encontrarão(am) porque o farol fechou antes de parar;
E nada pára. E tudo é movimento.
Movimento nas ruas, movimento dentro de mim.
Não vou limpar os trilhos do metro.
Deixar o subterrâneo é ser o fim da tarde.
Eu sou as cores do pôr-do-ceú.

domingo, 4 de novembro de 2007

heterônimos

Eu sou a podridão do mundo.
Sou cada pedaço efêmero de mim mesma.
eu sou a efemeridade.
Cada contradição encrostada de verdade introspectiva.
um hedonismo patético.
O conceito edifidicado.
chocando-se com a essência da idade.
Placas tectônicas em movimento.
terremotos. desastres pessoais.
Subversão.

Seria eu exclamação ou interrogação?

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

a personificação~

Andava cabisbaixa como se meu mundo fosse as pedrinhas tilintando com meu andar.
[..]
A luz ofuscante veio à meus olhos. Tentei ver.Levantei o rosto... Me cegara com a construção da Lua, jamais acreditara em luz próprio além dos satélites estrelares. Foi qndo em meio a cegueira, não pude abrir os olhos mediante luz tão violenta.
Quando Vida se aproximou, com seu andar ofegante e desajeitado.Meus olhos viram seu olho único em cima do nariz. Sua boca se mexia com dificuldade[haviam devorado seu lábio inferior] ,seu rosto quadrangular e imperfeito me fitava. Estatelada com aquela visão incomum, fiquei imaginando se não estaria mergulhada em algum efeito alucinógeno.
Mais não poderia. Já a vira de relance.Já tinha ouvido falar dela. Ela era a mais clara imagem de perfeição humana[jamais me perdoaria se soubesse que a descrevi assim]
Me tocou como verde. Me abraçou como brisa. Sorriu como sol.
E eu olhando ali pra aquele olho trasgoniano, ouvi-a dizer... "Venha me tomar em um gole só"

[começou a chover.]
eu pude viver a chuva. sem medo de me molhar.

domingo, 7 de outubro de 2007

"Ser ou não ser eis a questão"

Não sei se assim estou tentando ser,
ou fugir do ser.
não quero ser uma definição.
não vou ser a metade da aspirina.
não quero ser;
metade de ser.
se cada parte perdida fragmentar
a sua busca por ser;
em seu ser.
ser a outra metade da aspirina.
ser o céu na linha do horizonte?

domingo, 8 de julho de 2007

Qualquer semelhança é mera coincidencia ashau

[H - Vou sair um pouco.
M - Vai de carro?
H - Sim.
M - Tem gasolina?
H - Sim... coloquei.
M - Vai demorar?
H - Não... coisa de uma hora.
M - Vai a algum lugar específico?
H - Não... só rodar por aí.
M - Não prefere ir a pé?
H - Não... vou de carro.
M - Traz um sorvete pra mim!
H - Trago... que sabor?
M - Manga.
H - Ok... na volta eu passo e compro.
M - Na volta? H - Sim... senão derrete.
M - Passa lá, compra e deixa aqui.
H - Não... melhor não ! Na volta... é rápido !
M - Ahhhhh !
H - Quando eu voltar eu tomo com você !
M - Mas você não gosta de manga !
H - Eu compro outro... de outro sabor.
M - Aí fica caro...traz de cupuaçu !
H - Eu não gosto também.
M - Traz de chocolate... nós dois gostamos.
H - Ok ! Beijo... volto logo...
M - Ei !
H - O que ?
M - Chocolate não... Flocos...
H - Não gosto de flocos !
M - Então traz de manga prá mim e o que quiser prá você.
H - Foi o que sugeri desde o começo!
M - Você está sendo irônico ?
H - Não... tô não ! Vou indo.
M - Vem aqui me dar um beijo de despedida !
H - Querida! Eu volto logo... depois.
M - Depois não... quero agora!
H - Tá bom ! (Beijo.)
M - Vai com o seu ou com o meu carro ?
H - Com o meu.
M - Vai com o meu... tem cd player...o seu não!
H - Não vou ouvir música... vou espairecer...
M - Tá precisando?
H - Não sei... vou ver quando sair !
M - Demora não !
H - É rápido... (Abre a porta de casa.)
M - Ei !H - Que foi agora ?
M - Nossa!!! Que grosso! Vai embora!
H - Calma... estou tentando sair e não consigo!
M - Porque quer ir sozinho ? Vai encontrar alguém ?
H - O que quer dizer ?
M - Nada... nada não !
H - Vem cá... acha que estou te traindo ?
M - Não... claro que não... mas sabe como é?
H - Como é o quê?
M - Homens !
H - Generalizando ou falando de mim ?
M - Generalizando.
H - Então não é meu caso... sabe que eu não faria isso !
M - Tá bom...então vai.
H - Vou.
M - Ei !
H - Que foi, cacete ?
M - Leva o celular, estúpido !
H - Prá quê ? Prá você ficar me ligando ?
M - Não... caso aconteça algo, estará com celular.
H - Não... pode deixar...
M - Olha...desculpa pela desconfiança... estou com saudade... só isso !
H - Ok meu amor... Desculpe-me se fui grosso. Tá.. eu te amo!
M - Eu também !
M - Posso futricar no seu celular ?
H - Prá quê ?
M - Sei lá! Joguinho !
H - Você quer meu celular prá jogar ?
M - É!!!!!!!!
H - Tem certeza ?
M - Sim.
H - Liga o computador... lá tem um monte de joguinhos !
M - Não sei mexer naquela lata velha !
H - Lata velha ? Comprei pra gente mês passado!
M - Tá.. ok... então leva o celular senão eu vou futricar...
H - Pode mexer então... não tem nada lá mesmo...
M - É ?
H - É.
M - Então onde está ?
H - O quê ?
M - O que deveria estar no celular mas não está...
H - Como !?
M - Nada ! Esquece !
H - Tá nervosa ?
M - Não... tô não...
H - Então vou !
M - Ei !
H - Que ééééééé ?
M - Não quero mais sorvete não!
H - Ah é ?
M - É !
H - Então eu também não vou sair mais não !
M - Ah é ?
H - É.
M - Oba ! Vai ficar comigo ?
H - Não vou não... cansei... vou dormir !
M - Prefere dormir do que ficar comigo ?
H - Não... vou dormir, só isso !
M - Está nervoso ?
H - Claro, porra !!!
M - Por que você não vai dar uma volta para espairecer ?
(Luis Fernando Veríssimo)]

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Para um devaneio

segundo o aurélio
devaneio[Dev. de devanear.] Substantivo masculino. 1.Capricho da imaginação; fantasia, sonho, quimera:
“ela puxava-me para si e cobria-me de beijos, que me mergulhavam num longo devaneio” (Aquilino Ribeiro, Cinco Réis de Gente, p. 101).



Para um devaneio vou criar a ilusão de que palavras possam falar de sentimentos.
de pulsação.
para um devaneio eu vou criar.
para um devaneio já criado.

eu vou pular carnaval.